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sexta-feira, 19 de março de 2010

Suspensa a distribuição do Lifaltacrolimus no Pará


A Secretaria de Saúde do Estado do Pará, SESPA voltou atrás e suspendeu desde a última quinta feira (18) o fornecimento do polêmico Linfaltacrolimus aos pacientes transplantados.

Uma fonte da SESPA informou que a secretaria fez uma compra de emergência do Prograph, o medicamento original, mas ainda não há previsão de quando o fornecimento será normalizado.


A falta deste medicamento tem como consequência a perda do órgão transplantado. O risco à vida é elevado, sendo que no caso de transplante hepático, o tratamento descontinuado da medicação gerará rejeição, perda do órgão e, lamentavelmente, o óbito do paciente.
Com relação ao transplantado renal, há perda do rim e retorno à hemodiálise, ficando o paciente no aguardo de um novo órgão para o transplante.

O Prograph, do laboratório alemão Janssen-Cilag que possui o principio ativo Tacrolimus, droga usada no combate a rejeição é o medicamento de referência, com eficácia reconhecida e aprovada por toda a comunidade médica transplantadora.

O Lifaltacrolimos é alvo de duas ações judiciais, uma no Ceará e outra no Rio Grande do Sul porque não foram realizados os testes de bioequivalência e biodisponibilidade necessários para se verificar a efetiva atuação do produto no esquema imunossupressor.


Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, ANVISA não renovou o registro do Linfaltacrolimus no ano passado e afirmou que a venda e a distribuição do medicamento estão proibidas em todo o território nacional.

Os maiores especialistas em transplantes de órgão dos pais desaconselharam a substituição do Prograf pelo Lifaltacrolimus, devido á ausência dos testes e estudos clínicos, o que não garante a segurança do uso da medicação e a sua eficácia em evitar a rejeição dos órgãos transplantados.
O médico Gastroenterologista Sérgio Mies, um dos maiores especialista em transplante de fígado do mundo em entrevista ao blog foi categórico:
Em São Paulo só receitamos e distribuímos o medicamento original
. A vida dos nossos pacientes não tem preço. Fuja disso! Não tome essas medicações de fundo de quintal. Você pode ter uma rejeição. Só tome os medicamentos receitados pelo seu médico”, sentenciou ele.
O Dr. Sergio Mies comanda a equipe que realizou o primeiro transplante de fígado no Brasil com sucesso, há mais de vinte anos. Desde então já realizou mais de 1.000 transplantes, incluindo transplante intervivos.

Desde 2007 está atuando também no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, realizando os transplantes pelo SUS. A equipe também é uma das referências em tratamento de hepatite B e hepatite C, câncer de fígado e outros tipos de cirurgias.
Para um importante jurista paulista, especialista em ações judiciais neste tipo de caso “basta que o médico integrante do sistema único entenda por necessário determinada medicação, cuja comercialização esteja autorizada em território nacional, e essa haverá de ser providenciada. Sem sentido o argumento referente a custos, dado que não seria legítima a opção estatal em apenas fornecer medicamentos baratos e sem a melhor eficiência conhecida pela ciência".


O advogado afirmou ainda que “é o médico que está em contato permanente com o paciente, acompanhando o seu tratamento, é ele a pessoa mais indicada para determinar qual o melhor esquema de medicamentos que deve ser ministrado ao paciente, de forma que a sua opinião quanto ao mais eficaz meio de combate à rejeição dos órgãos deve ser respeitada, como forma de garantir a continuidade do sucesso dos transplantes de órgãos".

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