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quarta-feira, 17 de março de 2010

Falta de medicamento: um atentado contra a vida


Não consigo descrever a expressão de espanto da médica Michelle Harriz, da equipe da Dra. Ana Olga Mies, quando eu falei que passei quatro dias sem tomar o imunossupressor Tacrolimus, usado para combater a rejeição de órgãos transplantados.


Sou transplantado de fígado há mais de cinco anos e a cada trimestre faço avaliação médica no Instituto Dante Pazzanese, em São Paulo.

Ao analisar meus exames, a médica notou que as taxas do fígado estavam bastante alteradas revelando uma inflamação no órgão. A taxa de Tacrolimus está em 1,4 ng/ml. O normal varia entre 5,0 a 20,0 ng/Ml. Ou seja, o índice atual é insuficiente para evitar a rejeição do órgão. E olha que foram apenas 4 dias sem tomar a medicação.


Perguntei a médica o que aconteceria com uma pessoa transplantada que passasse mais de trinta dias sem tomar o imunossupressor.

Ela respondeu que no caso do fígado a rejeição é inevitável. A tentativa de recuperar o fígado requer a aplicação de uma medicação muito mais forte que o Tacrolimus para zerar o sistema imunológico. Se por um lado eles conseguem salvar o órgão transplantado, por outro, o paciente contrai centenas de infecções porque o organismo fica completamente sem defesas. O risco de morte é muito alto.

Na maioria das vezes é necessário fazer outro transplante, mas as chances do paciente resistir a espera pelo novo fígado é quase nula.



No meu caso, desde a última segunda feira (15) a medicação foi restabelecida. Logo após os exames recebi um lote de Prograph, o medicamento original com o principio ativo Tacrolimus.

Durante três meses vou seguir um tratamento específico com reforço de outras medicações. Se o fígado não responder terei que fazer uma biopsia e iniciar um tratamento mais intenso para combater a inflamação.


Estou levando os laudos e vou entrar com duas ações judiciais contra o Estado do Pará: uma para garantir o fornecimento da medicação receitada pelos médicos, obrigação constitucional do poder público. E outra indenizatórias para reparar os transtornos que estou passando.

Sugiro que os outros pacientes façam o mesmo.

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