Este seria o nome de Macapá, a capital do Amapá, caso o tratado de Tordesilhas continuasse em vigor.
Soube dessa história quando fui convidado pelo secretario de Planejamento do Amapá, Antero Lopes para presidir o júri que escolheria a bandeira, o brasão e o hino do Amapá.
Em 1983, com a aceleração da campanha para a transformação do Amapá em estado, o governador Annibal Barcellos idealizou um concurso para a escolha dos símbolos do futuro estado.
Na primeira reunião para definirmos os critérios de julgamento e a campanha publicitária do certame, alguém lembrou que o dia 4 de fevereiro era a data de fundação de Macapá. Até 1982, só os estudiosos e historiadores sabiam desse detalhe. Não era feriado e nem havia comemoração alguma.
Resolvemos então incluir no mesmo pacote uma campanha publicitária para marcar a data. Imediatamente a idéia foi levada ao governador e aprovada na hora.
A Secretaria de Planejamento foi mais além: resolveu que a ênfase ao 4 de fevereiro seria o primeiro passo para substituir o 13 de setembro, data da criação do Território do Amapá e seu desmembramento do Estado do Pará comemorado com toda a pompa e circunstancia e desfiles escolares apoteóticos e inesquecíveis.
Foram convocados o jornalista Paulo Oliveira, o publicitário Carlos Viana, o poeta multimídia Fernando Canto, o arquiteto Chikahito Fugishima e eu para criarmos uma peça publicitária que marcasse a data. Num primoroso texto do Fernando Canto, um caboclo amapaense contava a historia de Macapá como se estivesse conversando com um amigo.
Foi neste momento que eu soube que o primeiro nome de Macapá foi Adelantado de Nueva Andaluzia batizada por Francisco Orellana, navegador espanhol que passou por lá; que Tucujus era o nome da tribo que habitava essa região onde surgiu à capital e que Macapaba, estância de bacabas na língua indígena deu origem ao nome Macapá.
O texto ainda falava do Bola Sete, figura antológica da cidade, Julião Ramos, líder negro do bairro do Laguinho, do Caixa de Cebola, o primeiro ônibus, do cliper do Mercado Central, do Marabaixo, um dos maiores patrimônios culturais do estado e outros ícones da terra. Foi ilustrado com fotos históricas.
O cartaz se transformou num best-seller. A peça publicitária gerou vários subprodutos como folder, anúncio de jornal, comerciais de TV, folheto... E durante anos e em vários aniversários foi utilizada para homenagear a cidade. Foi uma grande homenagem pelos 225 anos de Macapá e a partir daí surgiram às primeiras programações em homenagem a cidade.
O dia 4 de fevereiro virou feriado municipal e as comemorações do aniversario de Macapá cresceram até se transformarem nesta magnífica festa de cidadania e de amor a cidade.
Agora, sempre que chega o aniversário da capital pipocam na mídia amapaense anúncios de jornais, spot de rádio, outdoors e comerciais de TV com lindas homenagens. Na maioria das vezes refletem apenas a paixão dos redatores, diretores de arte e de criação pela cidade e não o real sentimento do anunciante.
Ainda dou gargalhadas ao lembrar do Fernando Canto cantando uma parodia da marchinha “Cidade Maravilhosa” que as pessoas das décadas de 50 e 60 cantavam para “homenagear” Macapá:
- Cidade Maravilhosa/ Cheia de catabil...
Catabil = buraco
Com fotos de Andjei Remus, Artur T C K, Jaime Sales Jr e do Governo do Amapá
Nenhum comentário:
Postar um comentário