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terça-feira, 3 de abril de 2007

A cronologia de um crime anunciado



Soro pra todo mundo
Maio de 2003
A SESA abriu uma licitação suspeita no valor de R$ 748 mil para a compra de 200 mil frascos de soro fisiológico e 200 mil frascos de soro glicosado. Essa quantidade de soro pesaria cerca de 24 toneladas e lotaria de 10 a 15 carretas. Pelo último censo, feito em 2000, o Amapá tinha 477.032, ou seja, uma média 0,83 frasco de soro por habitante. O soro fisiológico vendido na época pela distribuidora Globo para o governo custou R$ 1,84. O soro Glicosado custou R$ 1,90. A preço de mercado o soro fisiológico custaria entre R$ 0,87 e R$ 1,35. A compra foi denunciada na época no Senado Federal pelo então senador, João Capiberibe em janeiro de 2004.





Licitações ilícitas

Dezembro de 2003
Mais de 80% das compras feitas para a Secretaria de Saúde em 2003 foram efetuadas sem licitação, em caráter de emergência.

O governo empenhou cerca de R$ 28 milhões para compra de medicamentos
Naquele ano a distribuidora Globo, uma das envolvidas na Operação Antídoto aparece como a maior beneficiária das compras feitas pelo governo – cerca de R$ 8 milhões (7,7 milhões desse total foram vendidos sem licitação.

Gastos em 2003 com empresas envolvidas
Distribuidora Globo – 8.019.240,72
Ital Service – 3.789.894.80
Jr Hospitalar – 991.862
Maglea Hospitalar 613.917



Saúde na UTI

Outubro de 2005
Auditores do Ministério da Saúde vêm ao Amapá e entre fevereiro e março fazem um relatório onde constatam que todas as unidades ambulatoriais e hospitalares estão necessitando de reforma geral. Os aparelhos em uso são obsoletos e grande parte está sucateada. Leitos estão desativados por falta de recursos humanos, manutenção, rouparia, materiais de consumo e conservação das estruturas das unidades. Não há disponibilização de forma contínua de medicamentos quimioterápicos, imunossupresores destinados à atenção básica de pacientes. Os programas não funcionam por não possuirem estrutura formal: faltam médicos, enfermeiros, auxiliares e pessoal administrativo.
Após analisar as notas fiscais da Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF), a equipe do Ministério da Saúde descobriu que o atual governo prefere adquirir medicamentos através das distribuidoras sem observar o que determina o Ministério da Saúde que prevê a preferência para laboratórios oficiais, menos suscetíveis à corrupção.



Paralisia hospitalar

Na visita realizada ao Hospital de Clinica Alberto Lima, a equipe do Ministério da Saúde constatou que o centro cirúrgico estava com as cirurgias marcadas paralisadas desde dezembro de 2004 em razão da falta de medicamentos e equipamentos. Nas duas salas para cirurgias de pequeno porte e nas quatro salas para cirurgias de grande porte do centro cirúrgico, dos três aspiradores cirúrgicos, apenas um funcionava.

Para as empresas envolvidas no esquema não faltava dinheiro. A Barrier Comércio e Serviços, Majela Hospitalar, Sóquímica Laboratório, Globo Distribuidora e Ital Serviços Representação e Exportações, receberam R$ 6,9 milhões de um total de 10,9 milhões referentes ao que foi gasto pelo governo em 2004.

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