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terça-feira, 3 de abril de 2007

Tiroteio

O ex-senador Sebastião Bala Rocha, que havia sacrificado sua reeleição para assumir uma das coordenações da campanha de Waldez Góes foi nomeado secretario da Saúde. Bala não perdeu tempo: no decorrer de todo o ano de 2003 comprou medicamentos em caráter de emergência, sem licitação, alegando que 5 toneladas de medicamentos teriam vencido no Governo de João Capiberibe.



A Assembléia Legislativa, onde 20 dos 24 deputados eram governistas, promoveu uma CPI, em que pedia o indiciamento de duas pessoas apenas: do ex-governador Capiberibe e do ex-secretário de Saúde Jardel Nunes. O motivo: duas carretas repletas de medicamentos que o novo Governo e a Assembléia Legislativa diziam ter vencido no governo de Capiberibe.

Numa quinta-feira, 18 de dezembro de 2003, houve um ato público na frente do Ministério Público Estadual, com a presença do então secretário de Saúde, Sebastião Rocha, o Bala e diversos deputados estaduais. Foi feita a entrega do relatório da CPI da Saúde ao então procurador do Ministério Público, Jair Quintas.



Naquele dia foi promovido um desfile na cidade com as carretas, onde se via a inscrição: remédios vencidos no governo anterior. A imprensa da “base de apoio” fez a festa. A segunda parte do plano era incinerar os medicamentos ditos como fora de prazo, antes que alguém descobrisse a farsa.

Com isso, Sebastião Bala Rocha mataria dois coelhos com um só tiro. Mandaria a popularidade do ex-governador João Capiberibe para UTI e criaria a necessidade de uma gigantesca compra de medicamentos em caráter de emergência.



Um tiro pela culatra
Os deputados estaduais do Amapá Randolfe Rodrigues (PT), Rui Smith (PSB) e Jorge Souza (PCB) conseguiram uma ordem, entraram nas carretas e mostraram que a realidade era outra.
O Ministério Público do Estado em uma ação rápida do promotor Marcelo Moreira impediu a incineração dos medicamentos, lacrou as carretas e pediu uma perícia. A farsa veio a tona. Das 5 toneladas de medicamentos que estavam na carreta, apenas 30% haviam vencido no governo de Capiberibe. Outros 62% venceram no governo de Dalva Figueiredo e 8% foram criminosamente colocados nas carretas antes de vencer e venceram já lá dentro.
Logo em seguida o promotor confirmou que o medicamento tinha sido adquirido com dinheiro do SUS e repassou o inquérito para o Ministério Público Federal.



O tiro certeiro
Se um tiro saiu pela culatra o outro atingiu em cheio a população. Sem qualquer tipo de medicamento nas unidades de saúde e nos hospitais, a Saúde Pública do Amapá virou um caos.

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