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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Os 30 anos do naufrágio do barco Novo Amapá



Esquife Ambulante


Sobre o barco Novo Amapá que foi flagrado pela Revista Veja, transportando passageiros no trecho Belém-Santarém-Belém, com o nome “Santo Agostinho”.

Ancorado no porto comercial de Belém, no Pará, o barco Santo Agostinho aguardava, na semana passada, que passageiros suficientes embarcassem para zarpar com destino a Santarém. A tripulação e os poucos passageiros que se encontravam no barco não sabiam que o Santo Agostinho já teve outro nome e destino – em 1981, chamado de Novo Amapá, o barco naufragou no rio Cajari, em Macapá, matando 378 pessoas, na maior tragédia da história da navegação brasileira. Numa prática freqüente entre armadores, o barco foi içado do fundo do rio no mesmo ano do acidente, ficou três anos em reformas e voltou a navegar. Hoje, o Santo Agostinho faz a rota Belém-Santarém-Belem com uma lotação máxima de 100 pessoas.

Quando afundou, o Novo Amapá estava com 696 passageiros a bordo, embora sua capacidade fosse de 150 pessoas. Teresinha Quiroga de Souza, uma das passageiras, se recusou a entrar na embarcação ao ver o número de pessoas que já estavam embarcadas e foi à Capitania dos Portos denunciar o excesso de lotação.
Como a Capitania não demonstrou preocupação, Terezinha voltou ao porto e retirou seus quatro filhos do barco. Após quatro horas de viagem, o contramestre Manoel Alvanir da Conceição Pinto errou uma manobra, e o casco da embarcação bateu num banco de areia. Sobrecarregado e com a carga mal distribuída – dois automóveis Volkswagen e 200 engradados de bebidas, - o barco virou e afundou rapidamente.

“A culpa foi da Capitania dos Portos, que liberou o Novo Amapá através do despachante Manoel Nazaré Colares”, afirmou o prefeito de Macapá, João Capiberibe, que escreveu um livro sobre o acidente, Morte nas Águas. A impunidade dos responsáveis, Capiberibe atribui ao então governador nomeado do Território do Amapá, Annibal Barcellos, hoje deputado federal. “Ao contrário do que está fazendo o governador do Rio de Janeiro, Moreira Franco, no caso do naufrágio do Bateau Mouche IV, Annibal Barcellos não incentivou a abertura do inquérito policial civil”, diz Capiberibe. O Tribunal Marítimo apurou as causas e concluiu que o único culpado foi o contramestre Manoel Alvanir, condenado a pagar uma multa de 29.961 cruzeiros – cerca de 350.000 cruzados em dinheiro de hoje (1989) – o que, numa contabilidade mórbida resulta na fixação do preço de uma vida em 296 cruzados. Um dos donos do barco morreu no acidente, e o outro, Manoel Jesus Góis da Silva, tratou de recuperar o que sobrou da embarcação. Os parentes das vítimas nada receberam de indenização.
Transcrito da revista Veja, edição de 18 de janeiro de 1989, página 21 (Em Dia)

Em 22 de março de 1996, o governador João Alberto Capiberibe sanciona a lei municipal nº 262, autorizando o Estado a construir um memorial em homenagem às vítimas do naufrágio do Novo Amapá. Até agora não houve indenizações às vitimas e familiares dos mortos
no acidente.

By Edgar Rodrigues no blog Coisas do Amapá

Um comentário:

Anônimo disse...

Amigo,fico triste de ver o quão o nosso povo tem a memoria curta ou não ligam para os ocorridos do passado,principalmente um ocorrido fatidico como o naufrágio do NOVO AMAPÁ e suas causas pois incidente.Tive dois parentes e amigos de meus familiares que morrerão no sinistro,e até hoje são lembrados por nossos familiares e amigos.Fica as lembranças e saudades de entes queridos e que esse momento nunca se apague para ficar de avisos aqueles que não tem respeito pela vida do proximo.que vc continue a fazer matérias de nossa historia de nossos momentos cotidianos...