Em 1967 tive meu primeiro revés como estudante. Fiquei para segunda época em português. Ficar para segunda época equivalia a hoje ficar em recuperação.
Confesso que não levei muito a sério as aulas de português naquele ano. Meu interesse era maior pela física e matemática. Afinal eu seria um engenheiro civil. Acabei “ficando” por meio ponto.
Confesso que não levei muito a sério as aulas de português naquele ano. Meu interesse era maior pela física e matemática. Afinal eu seria um engenheiro civil. Acabei “ficando” por meio ponto.
Implorei a professora Risalva pelo meio pontinho, mas ela ficou irredutível. Apesar de certa doçura na voz me aconselhando a estudar mais sai da casa da mestra revoltadíssimo.
Naquela época as férias escolares de final de ano duravam mais de dois meses.
As minhas foram pro brejo. De castigo fui obrigado a passar as férias estudando português.
As minhas foram pro brejo. De castigo fui obrigado a passar as férias estudando português.
Um mes depois ao receber o resultado da minha aprovação das mãos da professora Risalva, notei um sorriso de alegria naqueles olhos serenos.
Esse episódio foi o inicio da minha paixão pela língua portuguesa e despertou o jornalista que havia escondido em mim. Até arriscamos no ano seguinte a lançar um jornalzinho, o Ray Cunha, hoje poeta e jornalista, o José Nazareno Nogueira (advogado), o Menezes (médico) e eu todos ex-alunos da Mestra. Mas o jornal nem chegou a circular. Foi apreendido porque criticava a falta de bancos na praça em frente ao colégio onde estudávamos.
Agora, lendo o blog da Alcinéa Cavalcante dou de cara com essa Nota triste. Muito triste: “Aos 89 anos de idade, faleceu ontem à noite em Macapá a professora, escritora e poeta Risalva Freitas do Amaral”.
Em 1967 a Alcinéa e eu estudávamos na mesma turma do primeiro ano ginasial do CA, o Colégio Amapaense e fomos alunos da professora Risalva.
A vida dessa mestra exemplar daria um filme que eu lamento não ter feito. Mas a professora Risalva participou de um documentário muito importante sobre a Canção do Amapá dirigido por mim. O vídeo retrata a vida do mestre Oscar Santos, que assim como a professora Risalva foi um dos ícones da educação amapaense. No documentário, o depoimento sereno, mas firme da mestra sobre a Canção do Amapá somados a outras pessoas iluminadas da época foi decisivo para que o Governo do Amapá elegesse a bela canção, composta em 1943 pelo mestre Oscar, como o hino do Amapá.
Morreu a minha mestra. Morreu não, porque lugar de anjos é no céu mesmo. E é pra lá que pessoas carinhosas, sábias, pacientes, de alma linda e aura luminosa vão.
Com fotos do blog da Alcinéa Cavalcante
8 comentários:
Querido amigo..
meus sentimentos...
q vc esteja em paz!
beijo
Lembras quando ela nos colocava pra fazer teatro?
Nunca esqueci a peça "O menino pobre e o menino rico"que encenamos no Colégio no Dia das Mães em 1967. Eu no papel de Nossa Senhora e você no de menino pobre. Nossa performance foi tão boa que todas as mães que ali estavam choraram de emoção.
Terminada a apresentação, era todo mundo querendo nos abraçar e parabenizar a professora Risalva.
Bons tempos!
Poxa! Quando estava escrevendo o post sobre a professora Risalva não me lembrei da peça encenada por ela no dia das mães, na qual fomos protagonistas, Alcinéa. Mas ao ler o seu comentário a cena veio na minha lembrança como um filme. Que saudade! Quem dera surgisse uma máquina do tempo que me permitisse voltar àquela época e curtir cada segundo das aulas da nossa mestra... Que saudade da 101A do CA! Que saudade!
Obrigado Marta, Estou em paz sim só que muito triste...
Jr ela tambpem foi minha professora, tb precisei de 0,5 pontos e ela me deixou em recuparação, grande Risalva, ah se o tempo voltasse. Abraços Carlos Teixeira
Além de grande mestra a professora Risalva era muito justa, Carlos.
Walter,
Agradecemos a solidariedade e o carinho demonstrado nas suas sinceras palavras sobre nossa mãe.
Teresa A. F. do Amaral de Lima e irmãos
Tereza, tenha certeza a professora Risalva cumpriu com méritos a sua missão neste planeta de expiações. Agora vai continuar semeando bondades como o todo espirito de luz.
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