O jornalista Rodrigo do Carmo e um grupo de amigos foram passar o Natal e o Ano Novo em Cuba.
Rodrigo mora em São Paulo e trabalha em uma grande empresa de assessoria de comunicação. Direto da ilha de Fidel Castro, ele nos manda o relato dessa viagem. Com certeza será inesquecível.
Diário de Cuba
By Rodrigo Vieira do Carmo*
Após pagarmos 25 pesos (algo como R$ 40,00), conseguimos instalar o cabo com conexão à internet por 24 horas em nosso quarto. É bom lembrar que aqui não há banda larga e, para os cubanos, o acesso à rede é permitido apenas em universidades e alguns lugares públicos. Portanto, somos privilegiados por poder relatar um pouco de nossas percepções em relação à ilha de Fidel.
Depois de fazer uma conexão em Lima e voar por quase dez horas, chegamos ontem à tarde (23/12) a Havana. A primeira impressão foi positiva. O aeroporto é relativamente moderno (provavelmente foi reformado, pois o piso é em porcelanato). Tivemos dificuldades para encontrar as malas (os isopores vindo de Belém não são nada perto da feira que parentes de cubanos enviam de outros países), mas, ao final, deu tudo certo. Quase uma hora depois, já estávamos na van que serviria de transfer para o hotel Habana Livre. Por falar, em carro uma constatação: só há carros americanos anteriores a 1959. Depois disso, apenas modelos europeus, japoneses e coreanos.
24 de dezembro de 2009 - Quinta feira
As ruas e avenidas de Havana pelas quais passamos são largas e inacreditavelmente bem cuidadas. Não encontrei um só buraco até chegarmos ao hotel. Alô, prefeito Kassab! Por falar em hotel, ficamos em um cinco estrelas (aqui o conceito de cinco estrelas é, digamos, um pouco flexível), da cadeia Meliá e relativamente bem cuidado. Amplo, com pé direito alto, tem arquitetura dos anos 50. Ao entrar no quarto, encontramos um espaço amplo, confortável, com ar-condicionado no ponto e uma maravilhosa vista para a baía de Havana.
Aliás, a parede da frente do nosso quarto é toda de vidro, dando acesso a uma generosa sacada. Para fechar as boas-vindas, o mensageiro, um senhor culto de nome Vives, relatou que conheceu pessoalmente alguns personagens da história brasileira, tais como Carlos Prestes, Lamarca e Carlos Marighela (inclusive a viúva deste último, Clara Charf, que viveu em Cuba).
Vale lembrar que não há analfabetos aqui e praticamente todos os cubanos das duas últimas gerações concluíram a Universidade. Para a nossa surpresa, o hotel preparou uma apresentação especial de Natal. Ao lado de uma grande árvore decorada e da escada de acesso ao lobby havia um afinado coral. Aliás, Cuba voltou a considerar 25 de dezembro feriado nacional após a visita do Papa João Paulo II, em 1998.
Embora tenhamos feito a reserva para a ceia natalina no recomendado "La Guarida", via internet e há uma semana, ao ligar para o restaurante fomos informados que o mesmo estava "cerrado para reformas" (também é comum alguns restaurantes daqui estarem fechados por falta de ingredientes). Pedimos, então, uma sugestão de lugar à telefonista do hotel, que nos recomendou o restaurante "Áries'', próximo e dentro de uma tradicional casa cubana.
Jantamos porco com batata fritas e refrigerante de cola nacional (só há coca-cola em restaurantes destinados exclusivamente a turistas e indicados pelo governo) entre cristaleira, mesas e cadeiras muito antigas. Tudo com, pelo menos, cinquenta anos de uso. Para fechar a noite, fomos beber mojito e fumar um legítimo Cohiba no jardim do Hotel Nacional, uma charmosa edificação da década de 30.
A seguir:
Um City-tour por Havana.
A arquitetura “americana”.
A solução cubana para evitar a superlotação de Havana.
*O jornalista Rodrigo Vieira do Carmo é gestor em Comunicação Corporativa da D&A Assessoria de Imprensa.
2 comentários:
Rodrigo..Adorei o relato.
Eu sabia que este menino iria longe, mas nem tanto. rsrs
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