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terça-feira, 10 de novembro de 2009

É cada macaco no seu galho


O caso da Universidade Bandeirantes entre muitas episódios considerados ultrapassadas, mortos e enterrados ressuscitou também esse antigo e esquecido ditado popular.
Não vou falar da sucessão de erros administrativos cometidos porque o escândalo é assunto de todas as rodas e destaque em todas as mídias.


Vou ressaltar apenas quatro erros na área de comunicação que comprometeram seriamente a imagem da Uniban.
O primeiro foi o conteúdo da nota publicada pela Unibam, muito bem analisada no artigo do jornalista Fernando de Barros e Silva, editor do caderno Brasil da Folha de São Paulo.
No site da Uniban, a empresa se apresenta como “conservadora porque no âmbito educacional preserva, cultiva e mantém, no todo, um rígido código disciplinar, sustentado por valores morais e éticos, fundamentais para que uma estrutura não se desintegre”.



A universidade afirma ainda que a sua missão é “promover a formação integral do indivíduo, por meio da capacitação profissional, da produção e aplicação do conhecimento, da promoção da cultura, do respeito aos valores éticos-morais, através de um processo educativo contínuo de qualidade, voltado para o desenvolvimento da sociedade.”

Não foi isso que se viu: nem na prática, nem na nota oficial publicada.

Segundo erro: a direção da universidade não mediu as conseqüências da publicação de tal nota na edição de domingo dos principais jornais de São Paulo.


O terceiro erro foi a total ausência de uma assessoria de imprensa para gerenciar a crise. Logo a Uniban que ministra os cursos de graduação em Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas, Comunicação Empresarial , Marketing, e Rádio e TV .

Para torna o enredo mais absurdo vem o quarto
erro fatal: a Uniban entrega função de porta voz a um advogado.

O porta voz atuou dentro dos limites da sua área de conhecimento. Defendeu o aspecto jurídico do caso sem se importar com a imagem da instituição. E partiu para o ataque. Limitou-se a acusar a vítima em defesa do cliente como os bons advogados fazem.

Em
entrevista ao blog do jornalista Josias de Souza, o advogado da reitoria da Uniban, Décio Lencioni Machado, disse que a aluna “sempre gostou de provocar os meninos. O problema não era a roupa, mas a forma de se portar, de falar, de cruzar a perna, de caminhar”.

Perfeito porque para os advogados pouco importa a repercussão negativa na imprensa e opinião publica o importante é absolver seus clientes. Se alguém exagerar na crítica sempre cabe uma ação judicial.



Agora a Unibam comete mais um erro.: está tentando apagar os vídeos da Internet.

De acordo com artigo do site G1, uma equipe de quatro funcionários já trabalha para rastrear os vídeos do YouTube desde quarta-feira (28). Assim que os arquivos são localizados, diz a universidade, os funcionários entram em uma área do próprio site e pedem sua retirada.

O blogueiro que revelou o caso, autor do Boteco Sujo, diz sofrer ameaças.



Na medicina atuam médicos; no mundo jurídico, advogados; na propaganda e no marketing, publicitários; nas assessorias de imprensa e no jornalismo, jornalistas e assim por diante.
Parece obvio, não é?
Não é!
A realidade mostra todos os dias que não funciona desta maneira. O caso da Uniban é um exemplo disso.



Na área da comunicação não se pode trabalhar de orelhada, como diz com muita propriedade o publicitário Pedro Galvão. É preciso estudar (em boas universidades), ser especialista no assunto para prestar bons serviços e administrar crises que comprometam a imagem da empresa com eficiência. As empresas por outro lado devem contratar bons profissionais.

Se a Uniban levar a sério o ditado que intitula esta postagem vai reforçar o seu quadro de advogados para defender-se das inúmeras ações que responderá.

Precisará de um bons consultores para mudar a mentalidade de seus dirigentes, hoje mais curta que o cumprimento do vestido da estudante agredida. E ainda terá que contar com uma boa equipe de marketing, publicitários e jornalistas para juntar os cacos da imagem que levou 15 anos para construir.



Com charges do Amarildo, Marco Aurélio, JBosco, Duke, Jorge Braga, Myrria, Mariano, Paixão, JB, Simon e Passo Fundo.

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