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quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A quem interessa

Editorial de O Globo
Ao comparecer ontem ao Senado, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), da Presidência da República, general Jorge Félix, declarou não ser o MST uma ameaça à sociedade. E que a organização, “como qualquer movimento social, tem seu viés de razão”.

A nação torce para o general ser político, e não ingênuo. Como há em Palácio aliados desta organização especializada em operar na fronteira do paralegal — quando capta recursos públicos por ONGs e similares — e da marginalidade — quando invade e depreda propriedades —, conceda-se que o militar precisa medir palavras para continuar no cargo. Mas, como oficial do ramo da segurança interna, será um risco para o país caso ele não saiba quais os desdobramentos institucionais se o estado de direito democrático não for protegido pelo poder público da ação do MST e seus segmentos semiclandestinos.

O vandalismo praticado por militantes sem terra na fazenda Santo Henrique, em Borebi, São Paulo, é apenas o mais recente. Já houve vários casos do tipo. Apenas, desta vez, o ataque foi filmado e exibido a todos. A imagem de um trator — quem é o dono? De onde vem o dinheiro para combustível e manutenção? — destruindo pés de laranja repete, na essência, depredações de laboratórios de pesquisa agrícola no Sul ou a derrubada, também criminosa, de áreas de eucalipto para a produção de celulose, na Bahia e no Espírito Santo.
Mesmo setores do governo instrumentalizados pelo MST, por meio do aparelhamento, o Ministério de Desenvolvimento Agrário e o Incra, tiveram de criticar a ação de cunho terrorista. Nada aconteceria se o vídeo não fosse ao ar.

A revista “Veja”, em setembro, publicara reportagem de capa com informações detalhadas sobre a enxurrada de dinheiro público destinado ao MST, parte do qual financia as operações violentas e ilegais da organização. Projetou-se luz na malha de entidades laranjas usadas para drenar repasses oficiais e dinheiro do exterior para colocar em ação a máquina das invasões, ocupação de prédios públicos etc.

O governo conseguiu derrubar a proposta de instalação de uma CPI mista (Câmara e Senado) para investigar as sérias e documentadas denúncias da revista.

Com o ataque à fazenda da Cutrale, grande exportador de suco de laranja, importante na estratégia de comércio exterior do próprio governo, o projeto da CPI foi retomado, por meio da senadora Kátia Abreu (DEM-TO), também presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA).
Precisa ser criada a comissão, pois o tema não interessa apenas ao produtor rural. Mas a todos que defendem o regime democrático.

Com charges de Elvis,Cícero,Bello, Alecrin e Waldez para a Charge Online

2 comentários:

Anônimo disse...

Engraçado como setores do conservadorismo brasileiro têm verdadeiros orgasmos quando criminalizam o MST. Ninguém, mas ninguém mesmo questiona a Cutrale, gigante da indústria de sucos no mundo e, por isso mesmo, acima de qualquer suspeita. Para a peãozada, bala e cadeia, para os que se transformam em ultra milionários às custas de negócios escusos, aplausos e a solidariedade do conservadorismo brasileiro, que desde o princípio da colonização manda e desmanda no Brasil, sempre dando aos pobres mais miséria e bala, muita bala. Parabéns ao blog por sua opinião tão sinceramente latifundiária.

Walter Junior do Carmo disse...

A Cutrale tem algum negócio escuso? A atividade dela é ilegal? Desde quando o MST é Xerife da legalidade agrária nacionalo? Desde quando ficar milionário é crime? Voce acha que invadir uma propriedadec legal e destruir patrimonio é promover justiça agrária?