Por Delfin - Noticias em quadrinho
A expectativa era mesmo grande: Afinal, já se vão 19 anos desde que Indiana Jones sumia no horizonte ao final da última cruzada.
O longo hiato se refletiu em tempo real e o arqueólogo mais conhecido do cinema realmente teve uma vida por todo esse tempo: enfrentou uma guerra mundial como agente duplo, passou por outros amores, viveu outras aventuras e, desta forma, chegou ao final dos anos 1950. Uma era cheia de novas tecnologias, invadida pela televisão em franca ascensão, com uma corrida armamentista em pleno desenvolvimento e uma espacial a ser iniciada. E com novos inimigos para combater.
Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, é verdade, recorre a alguns truques sujos, como a película toda com cara de filmada há 20 anos (com o requinte de se utilizar o logo da década de 1980 da Paramount); o retorno do principal interesse amoroso do aventureiro, Marion Ravenwood; e o famoso depósito em que o governo deposita todos os seus artefatos secretos. Mas traz tudo aquilo pelo que os fãs ansiaram por todo o tempo de espera: ação frenética e muita, mas muita aventura.
É estranho, logo de início, ver um dos ícones do cinema dos anos 1980 tão velho, tão marcado. O personagem, assim como Harrison Ford, traz no rosto os frutos do tempo. Mas isso não dura cinco minutos. Porque Indy continua agindo rápido, nem sempre com uma cartada nas mangas, mas contando com a sua habitual sorte, seu conhecimento quase enciclopédico e uma agilidade impressionante.
Há quem possa criticar o fato de que o quarto filme da franquia de George Lucas apele para alguns absurdos. Mas o que era a grande pedra rolando nas primeiras cenas de Os Caçadores da Arca Perdida - fora a grande inspiração, declarada, de uma história do Tio Patinhas de Carl Barks -, afinal?
Basta imaginar, e o expectador vai conseguir, assim como o professor Jones, em menos de dez minutos, redescobrir a Arca da Aliança, descobrir um projeto secreto de propulsão espacial e se salvar de uma explosão atômica. Absurdo? Nada disso: aventura, pura e simples, pronta para arrebatar novos fãs para o personagem e fazer a alegria de quem acompanha suas peripécias há quase 30 anos.
Desta vez, o herói se depara com um jovem que busca sua ajuda para desvendar o paradeiro de um amigo em comum, o professor Oxley (John Hurt, positivamente irreconhecível), que desapareceu misteriosamente enquanto procurava o El Dorado, a mítica cidade feita de ouro escondida em algum ponto da Amazônia.
Mutt, o tal jovem, é um cara pra lá de impetuoso e é claro que Indy, sempre disposto tanto a ajudar seus amigos como a se arriscar por mistérios históricos do planeta, embarca nessa aventura. E enfrenta comunistas, anti-comunistas, nativos selvagens e diversas armadilhas, tanto naturais como construídas por alguma civilização remota.
É um filme original? Não, isso não se pode dizer. Existe muito de previsibilidade na história criada por George Lucas e Jeff Nathanson, mas isso de fato não importa. O que vale, para todos os fãs, sempre são as vilãs com um quê sedutor, as mocinhas com aquele ar apaixonado, os amigos leais e a escalada de fatos quase inverossímeis que, quando vistos pela ótica de Indiana Jones, fazem todo o sentido do mundo.
Shia LaBeouf, que interpreta o jovem Mutt, rouba a cena diversas vezes, o que também soa proposital. Claramente este filme é uma passagem de legado entre gerações conectadas, cada qual, com o seu tempo. Se haverá um quinto filme com LaBeouf estrelando? Não se sabe, e pode muito bem ser que não. Mas é um personagem que também tem tudo para cativar novos fãs e, assim, vencer a barreira do tempo e estender por mais alguns anos a carreira de uma das mais bem-sucedidas séries de cinema de todos os tempos. O que não seria de todo mau: com a aposentadoria (ou não) merecida do aventureiro, talvez seja mesmo a hora de passar a tocha (ou o chapéu) adiante, como o filme faz questão de sugerir.
Enfim, quer saber se vale o ingresso? Claro que sim. É daqueles filmes pra você sair empolgado, depois de se desligar de sua vida mundana e chata por duas horas e alguns minutos para cruzar as três Américas e descobrir que o mundo de emoção continua ali. Talvez até mesmo outros mundos (afinal, são novos tempos). Basta sentar na poltrona, encarar um racha de carros logo de cara e perceber que já mergulhou fundo na aventura.
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