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quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

O centenário de Simone de Beauvoir


O fotógrafo Art Shay levou Simone de Beauvoir a casa de um amigo que tinha uma banheira. Ele escreve: “Ela havia tomado o seu banho. Depois , enquanto ela se arrumava na pia, tive um súbito impulso. Ela sabia que eu a havia fotografado, porque ouviu o clique da minha confiável Leika Model F. “Homem travesso”, disse ela".

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Essa fotografia de Beauvoir nua pode, evidentemente, ser considerada ofensiva à uma mulher que dedicou seu pensamento à elucidação do caráter absolutamente artificial do papel sexual na sociedade. Confesso que posso estar desrespeitando profundamente uma pensadora que eu mal conheço. Contudo, a foto em si mesma apresenta um valor estético evidente: além de Simone ser uma mulher muito bonita - em plena meia-idade na fotografia em questão - a fotografia foi muito bem tirada, a ponto de suscitar o comentário do Prof. Ronai Rocha a esse respeito: segundo o professor, Simone não foi pega de surpresa, absolutamente.

Em uma época de opressão ao feminino, era
escandaloso que uma pensadora da potência de Simone fosse vista nua publicamente. Não posso dizer com certeza se essa história é boato ou é verídica. Mas posso argumentar no sentido de justificar a escolha por essa foto, aparentemente tão preconceituosa, tão impregnada do machismo que perpassa a idéia de mulher como objeto sexual.

Por razões pessoais, eu não estaria sendo honesto se fizesse a defesa do pensamento de uma escritora cuja obra desconheço. Indico, então, um site perfeito para quem tiver o interesse de informar-se sobre as obras e as idéias de Simone de Beauvoir. O site é www.simonebeauvoir.kit.net - contudo, pode-se ter certeza: a situação contemporânea da mulher, seus direitos, suas possibilidades só foram possíveis através de um giro de mentalidade que essa mulher ajudou a realizar. Espero, sinceramente, que uma bela fotografia de uma bela mulher nua - para além e para aquém de qualquer forma vulgar de expressão - não comprometa aqui a pessoa de Simone, ou suas idéias - da qual nossa sociedade hoje é absolutamente tributária. Tente, como eu, entender essa foto como uma expressão da insurreição de uma mulher à frente de seu tempo.
Do blog Litost


Simone nasceu em Paris, em 9 de janeiro de 1908. Foi uma escritora, filósofa existencialista e feminista francesa. Nasceu em uma família burguesa, mas em sua juventude decidiu desligar-se de suas origens.
Conheceu Jean-Paul Sartre em Sorbonne no ano de 1929, e logo uniu-se estreitamente ao filósofo e a seu círculo, criando entre eles uma relação que lhes permitiu compatibilizar sua liberdade individual com sua vida em conjunto.
Foi professora de filosofia até 1943 em escolas de diferentes localidades francesas, como Ruão e Marselha. Em seu primeiro romance, A convidada (1943), explorou os dilemas existencialistas da liberdade, da ação e da responsabilidade individual, temas que aborda igualmente em romances posteriores como O sangue dos outros (1944) e Os mandarins (1954), obra pela qual recebeu o Prêmio Goncourt e que é considerada sua obra-prima.
As teses existencialistas, segundo as quais cada pessoa é responsável por si própria, introduzem-se também em uma série de quatro obras autobiográficas, dentre as quais destacam-se Memórias de uma moça bem-comportada (1958) e Tudo dito e feito (1972).
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Suas obras oferecem uma visão sumamente reveladora de sua vida e de seu tempo. Entre seus ensaios críticos cabe destacar O segundo sexo (1949), uma profunda análise sobre o papel das mulheres na sociedade; A velhice (1970), sobre o processo de envelhecimento, onde tece críticas apaixonadas sobre a atitude da sociedade para com os anciãos; e A cerimônia do adeus (1981), onde evoca a figura de seu companheiro de tantos anos, Jean-Paul Sartre. "O prazer sexual na mulher é como um tipo de feitiço; demanda completo abandono; se palavras ou movimentos se opõe à magia da carícia, o feitiço se quebra" (12Jun2006). .


O Segundo Sexo, obra de Beauvoir, é considerado até hoje por muitos o alicerçe teórico do feminismo contemporâneo. Quando a escritora faleceu, em 1986, a filósofa Elizabeth Badinter declarou: “Mulheres, vocês lhe devem tudo!”.


Seu relacionamento com o pensador Jean-Paul Sartre foi uma das coisas mais escandalosas para a boa moral de seu tempo - e, com certeza, para a boa moral do nosso também. Ao invés de um casamento formal, mantiveram durante toda sua vida uma relação aberta a muitos outros amantes. Amantes em comum, inclusive. .


“Não se nasce mulher torna-se mulher...”
Simone de Beauvoir

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5 comentários:

Anônimo disse...

Maravilhosa postagem e informe Walter. Parabéns!

Bjs

Mari

Anônimo disse...

Parabens!! lindo amigo!

morenocris disse...

Excelente!

Valeu o registro! Foi isso mesmo!

Beijos.

Anônimo disse...

O amigo vai me esculhambar ,a Cris não vai me perdoar , minhas amigas não vão mais falar comigo , dona patroa vai colocar a calça jeans mas não resisto e vou dar uma de Chico Bacon com licença do genial Caco Galhardo (a tirinha de sábado na folha tava du "garaio" como diz Pedro Nelito):
"Goostóóóóósa".
Abs
Tadeu

Anônimo disse...

Com todo respeito ao talento da madame Simone de Beauvoir. Uma mulhere genial para o tempo e posterior aos tempos.E não é justo dizer que quando a mulher não sabe usar a cabeça usa o rabo. Mas esse rabo dela é especial, galante, atranete, sedutor, lindo, arrebitador e arrebatador. Que mulher completa. Que bunda linda, que foto sensacional. Parabéns a você e ao fotógrafo. Que foto linda, que bunda fantástica.