Não é por maldade. É por desinformação.
O título RCTV dribla Chávez e mantém transmissões pela internet distorce a realidade. Foi manchete o dia todo em um portal. É falso simplesmente porque a RCTV não driblou ninguém.
A RCTV não teria que driblar alguém para ser transmitida pela internet.
Eu faço o que a RCTV está fazendo, apenas com uma câmera digital e um cabo ligado ao computador.
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Eu "transmito" pela internet sem licença da Anatel.
A TV Globo transmite o sinal da Globonews pela internet ao vivo.
Não é preciso ter concessão para fazer isso.
A RCTV não teve a concessão renovada para a freqüência em que transmitia seu sinal em rede nacional de televisão. Pode transmitir pela internet, via cabo, por sinais de fumaça ou bumbo.
Mas se transmitir via cabo, por exemplo, deixa de ser vítima, né mesmo?
Aí não dá mais para gritar "censura".
A empresa controladora da RCTV é a 1BC.
Lá atrás, com outro nome, a 1BC teve a primeira emissora de rádio da Venezuela.
Quem deu parte do dinheiro para fundar a emissora foi a RCA americana, que tinha interesse em vender aparelhos de rádio e conteúdo.
A 1BC tem duas empresas no ramo da internet. Um provedor e a Radionet, um portal de notícias.
O que a RCTV fez foi postar vídeos no You Tube.
Para isso não foi preciso driblar o Chávez, nem o Pelé, nem o Maradona, nem o Tenente, ex-zagueiro do São Paulo. Até ontem à noite o canal tinha 7680 assinantes e 235.249 vídeos assistidos. Como a emissora vende assinaturas de banda larga ainda vai faturar algum. Mas esse número de assinantes para um canal do You Tube é pequeno, para um país de 25 milhões de habitantes e envolvendo um assunto polêmico, que a mídia elegeu para dar repercussão mundial.
Não tem banda larga nos morros de Caracas, né mesmo? Qual é a maior fonte de informação dos venezuelanos? Rádio e televisão. Sempre foi a grande arma da oligarquia local. Quando eu digo oligarquia quero dizer: parecido com a família Sarney no Maranhão.
Ainda estou esperando o Senado fazer uma moção de repúdio ao próprio Sarney, que queria tirar blogueiros do ar durante a campanha eleitoral em seu segundo território, o do Amapá.
O território de Sarney agora é chique, faz fronteira com a Guiana, que é o mesmo que fazer fronteira com a França. Pois é, o Sarney queria - e conseguiu - cercear a liberdade de expressão, a mesma que ele exerce como capitão-do-mato eletrônico através de uma emissora afiliada no Maranhão.
Veja aqui:
Mudou para cá:
Além de José Sarney, o senador Eduardo Azeredo está preocupadíssimo com a Venezuela, endereço do demônio.
Há rádios, jornais e emissoras de oposição a Chávez na Venezuela, embora a mídia brasileira tente esconder isso.
Até ontem o canal da RCTV na internet tinha 832 comentários de gente quebrando o pau, contra e a favor da emissora. Mas como na mídia brasileira NINGUÉM aparece falando contra a RCTV, não espalhem.
2 comentários:
Ô, Walter.
Que prazer ler seu esclarecimento.
Abração!
Obrigado, Bia. Este blog fica todo prosa quando vc vem aqui...
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