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sábado, 21 de abril de 2007

Virginia – Rio de Janeiro

A auto-estima do Rio de Janeiro anda tão baixa, mas tão baixa, que os trágicos acontecimentos de Virginia despertaram no carioca, além do espanto global, uma certa sensação local de conforto e esperança.

Lute - Hoje em Dia (MG)

Não temos esse tipo de perturbado por aqui. Quer dizer, pirados como Cho Seung-hui, o Brasil produz aos montes – basta olhar nos olhos daquele seu vizinho meio esquisitão -, mas não é da nossa cultura esse tipo de reação armada entre os psicopatas. Tampouco nenhuma outra categoria de portadores de diagnóstico de comportamento anti-social tem habilidade para matar 32 e ferir outros trinta e tantos com duas armas nas mãos e uma vaga idéia do que fazer com elas na cabeça.

By Dalcio


Falta, sobretudo, pontaria ao brasileiro desajustado. Não à toa o Rio de Janeiro é a capital mundial da bala perdida. Não há estatísticas a respeito, mas estimativas do DataTutty indicam que a cada 1 mil tiros disparados nas encostas da Cidade Maravilhosa, morre 0,8 habitante.

By Fausto


É pouco, se considerarmos que o E.T. de Virginia fez algo em torno de uma centena de disparos e acertou, em média, três vezes cada vítima. E muito, se levarmos em conta os milhares de pipocos que diariamente cruzam os céus do Rio de Janeiro, perdidões.

By Lane

Seja como for, pervertido como esse sul-coreano criado em lavanderia norte-americana não existe por aqui. Isso quer dizer o seguinte: no ranking planetário do fim do mundo, o Rio perdeu esta semana para Virginia.

By Jorge Braga

Não foi uma semana qualquer - você que mora em outra cidade e assiste o ‘Jornal nacional’ deve pensar, com muita propriedade, que a gente aqui tem ido trabalhar de capacete e colete à prova de bala. Teve guerra de quadrilhas, delegada gente fina chorando inocência na TV, título da Beija-Flor sob suspeita, tiroteio de fuzil no meio da rua, desembargador vendido a bicheiros, polícia invadindo velório, máfia dos caça-níqueis, acidente de barcas na Baía de Guanabara, menininha acuada com a mãe em pânico no ponto de ônibus, bala perdida em passageiro de van, 13 mortos, túnel fechado, Flamengo e Fluminense vaiados no Maracanã... Só Deus sabe como aqueles aviõezinhos do ‘Circuito Mundial Air Race’ não se chocaram contra o Pão-de-Açúcar (toc, toc, toc....).

By Ique

Enquanto Sérgio Cabral pedia socorro ao Lula, aconteceram coisas incríveis esta semana no Rio. A Polícia, recordista mundial de tiros para o alto, prendeu e agora investiga porque soltou o homem suspeito de chefiar a quadrilha de traficantes que promoveu 10 horas de bangue-bangue no morro sobre o Túnel Santa Bárbara. E teve aquele outro tira gritando “ah, muleque!” enquanto um companheiro derrubava a marretadas a parede falsa que escondia R$ 10 milhões. Francamente, o que é aquilo?

By Humbeto

O Rio de janeiro não é isso, amo minha cidade, mas tem dias que a gente se sente habitante de um lugar indefensável. Fui a São Paulo na semana passada e, ao me despedir de uma amiga, deu-se o seguinte diálogo:

- Pinta lá no Rio, querida?

- Eu tenho medo!

Não tive forças para reagir, dizer que não é bem assim, e coisa e tal...

By Mariano

Como todo carioca, já estava praticamente conformado com o destino de fim do mundo que se anunciava para o Rio quando deu-se o maior assassinato em massa em uma instituição de ensino nos EUA. De repente, Virginia empurrou o Rio de Janeiro para a parte de baixo da dobra dos jornais, caímos da abertura dos sites de informação para a segunda tela do computador. Ninguém ficou feliz com isso nem desperdiçou a chance para mudar de assunto. Como diria Ancelmo Góis, deve ser horrível viver numa cidade onde o sujeito compra armas em lojas de departamentos e sai por aí matando quem encontrar pela frente.

By Ronaldo

A propósito, será que vai dar praia amanhã?
Tutty Vasques

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