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quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Um poema feito especialmente para a internet, mostrando toda a insatisfação com a "matança" que está acontecendo com as mangueiras de Belém marca a estréia do blog do professor, poeta e pesquisador da UFPA, João de Jesus Paes Loureiro.
Bem-vindo!


Mangueiras de Belém
João de Jesus Paes Loureiro


Ai! Cidade das Mangueiras!
Quem te vê e não te ama?
O rio se curva e te oferta
um branco buquê de espuma.
A noite deita nos becos
e a cuia da lua derrama.

Ai! Cidade das Mangueiras!
Quem te vê e não te ama?
Ruas de anjos com asas
de verde beleza arcana.
Ai! Mangueiras da Cidade,
que o sol esculpiu na sombra,
por vós o poeta implora,
por vós a poesia clama...


Ai! Cidade das Mangueiras!
Quem te vê e não te ama?
Por que vagam na cidade
assassinos de mangueiras,
matando-as por querer
ou matando de encomenda,
matando à sombra da lei,
essa lei sem lei, sem lenda?
Essa triste lei da morte
que tem na morte sua vida.
Não deixem que passe impune
esse crime, essa desdita.
Fotografem, multipliquem
vosso “não” pela internet,
pelos blogs, no youtube,
nos orkuts, nos e-mails,
nas asas dos passarinhos
que estão perdendo seus ninhos,
no peito dos que se amam,
nos muros e nos caminhos...



Quem pode lavar a mão
olhando esse arvorecídio?
Que frutos hão de brotar
nos galhos da solidão?
Que é feito do coração
desses que sem piedade
arrancam pela raiz
as raízes seculares
da alma desta cidade?


Ai! Mangueiras de Belém!
Anjos de verde folhagem,
que fazem sombra com as asas
mas são em poste enforcadas.
Verdes berlindas de mangas
no Círio de cada dia.
Campanários de andorinhas
nos corais da ave-maria.

Ai! Cidade das Mangueiras!
Quem te vê e não te ama?
Tua leve melancolia.


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